A praça no centro do debate: desenho social, político e cultural dos espaços públicos.

ALEX, Sun. Projeto da Praça: Convívio e exclusão no espaço público. São Paulo: Editora SENAC, 2008, 291p.

Praças, parques e jardins no contexto dos centros urbanos remetem diretamente às questões do espaço público e da vida pública, que por sua vez, nos dizem sobre acessibilidade e apropriação desses espaços que são concretos e referem-se à política e a cultura. A praça no Brasil caracteriza-se como espaço público, coletivo e multifuncional.

Em Projeto da Praça: convívio e exclusão no espaço público (2008), Sun Alex, doutor em arquitetura pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (FAU-USP) faz uma análise de seis praças localizadas na cidade de São Paulo, relacionando a influência do paisagismo norte-americano no desenho dos espaços públicos brasileiros. Propõe, com lucidez, alternativas para ampliação de uso, acesso e integração com o entorno.

Sun Alex presume “que o convívio social no espaço público está intimamente relacionado às oportunidades de acesso e uso”, e exerce procedimentos habituais do ofício de arquitetos, urbanistas e paisagistas, incluindo pesquisa histórica, análise do contexto, levantamento da situação existente, observação de usos, identificação de conflitos entre projeto e uso, elaboração de alternativas e verificação de propostas. O autor deixa evidente a importância instrumental do uso do desenho e da fotografia para registro e reprodução, e como fonte para reflexão sobre usos e acessos atuais, entorno e tecido urbano, projeto e não conformidades das praças analisadas, para possibilitar a representação de suas propostas alternativas de intervenções que visam melhorar os aspectos negativos das praças analisadas.

Localização das seis praças analisadas por Sun Alex - Largo do Arouche (adaptação do jardim público do início do século XX), Praças Dom José Gaspar (concluída em 1944), Júlio Prestes (1999), da Liberdade (1975), Santa Cecília (1983) e Franklin Roosvelt (1970).

Especialista em paisagismo e com experiência profissional fora do Brasil, Alex recorre à história para evidenciar a importância política e social da praça pública em relação aos jardins tradicionais e aos parques modernos. Por isso, cabe destacar o elaborado estudo da evolução e concepção de praças no continente europeu e norte-americano que perpassam os três primeiros capítulos que discutem o conceito de praça; a noção de espaço público como algo inerente à praça; a ênfase na ecologia em detrimento da preocupação com a sociabilidade.

Alex Sun entende que os espaços públicos são adaptáveis, e concorda que seus atributos são aqueles que têm relação com a vida pública, como o lugar da sociabilidade e do exercício da convivência, e que o espaço público deve ser visto como um conjunto indissociável das formas assumidas pelas práticas sociais.

Considerando a importância de considerarmos a dimensão polissêmica do termo espaço público e sua importância para vida social, posso afirmar que a defesa do equilíbrio entre função, forma e cultura no projeto da praça brasileira é devidamente tratada nesta obra, e pode servir como referência para indivíduos – especialistas ou não – que queiram pensar criticamente a formação e apropriação dos espaços da cidade.

Este material é o resumo de uma resenha crítica aprovada para publicação no portal Vitruvius. publicada no portal Vitruvius.

6 comentários sobre “A praça no centro do debate: desenho social, político e cultural dos espaços públicos.”

  1. Olá Carlos
    Adorei encontrar seu blog.
    Vou defender tese sobre espaços público, entre eles as praças, aqui de Ribeirão.
    Vou aproveitar muito sua visão de historiador.

    Nos teclamos.

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